Gisele Scheffer

Uma reflexão acerca da interação homem-animal

Gisele Scheffer
Professora de Medicina Veterinária da Estácio Porto Alegre
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Em 14 de março comemora-se o Dia Nacional dos Animais. Mais do que uma celebração, a data deve servir para reflexão sobre o convívio do homem com os animais.

A domesticação de animais - e, consequentemente, a relação próxima do ser humano com eles - remonta há milhares de anos. Mas os benefícios da convivência com animais não se resumem apenas a brincadeiras e companheirismo. Estudos evidenciaram que pessoas que convivem com animais registram aumento na liberação de dopamina, endorfina, ocitocina e feniletilamina, além da regulação dos níveis de cortisol. Criar um animal em casa também ajuda a reduzir a pressão arterial, colesterol e níveis de triglicérides. Ademais, tutores que passeiam diariamente com seus animais são menos propensos ao sedentarismo e à obesidade.

Em relação às crianças, a interação com os animais propicia o desenvolvimento de autocontrole, compaixão, empatia e capacidade afetiva e auxilia na identificação de necessidades e sentimentos de seres de outras espécies. E o fato de serem designadas pequenas tarefas à criança, como alimentar e dar água ao animal, faz com que seja desenvolvida a noção de responsabilidade.

Quanto aos idosos, essa convivência reduz a solidão e a carência afetiva, colaborando para a manutenção da saúde mental e a sensação de bem-estar. O tédio diário é minimizado, uma vez que o idoso se ocupa com tarefas de cuidado. O sedentarismo é afastado, pois a saída com o animal resulta em movimento. Acrescente a isso o fato de os passeios com o bichinho estimularem a interação social, visto que os animais promovem a socialização e a comunicação entre as pessoas.

Renomados neurocientistas afirmaram na Declaração de Cambridge que os animais são seres sencientes. Portanto, possuem a capacidade de perceber, conscientemente, o que lhes rodeia e o que lhes acontece. Para o Direito Animal, o animal não-humano interessa como indivíduo, devendo gozar de uma vida digna, livre de práticas cruéis e com a oportunidade de expressar seu comportamento natural, independentemente de sua espécie, mas, infelizmente, estes ainda sofrem com diversos tipos de maus-tratos a eles infligidos.

Para finalizar, espera-se que com o avanço civilizatório e a conscientização acerca dos animais, datas como o 14 de março sirvam para reflexão e sensibilização sobre a importância de todos os animais e a necessária convivência harmônica e digna entre estes e os seres humanos.

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